Cannabis possui enorme potencial terapêutico para doenças neurodegenerativas

São Paulo 3/12/2019 –

Para falar sobre as “Aplicações e evidências clínicas e científicas”, subiram ao palco do Cannabusiness Summit, evento realizado pela GS&MD sobre os potenciais do mercado medicinal da cannabis, Cristiana Taddeo, paciente e CEO da HempCare Pharma; Gabriela Cezar, CEO da Panarea Partners; e a psiquiatra Dra. Ana Hounie.

Gabriela compartilhou sua história com todos os presentes. “Eu era um desses exemplos de profissionais que jamais subiria no palco para falar de cannabis”, disse. Ela era cientista do laboratório Pfizer. “Entrei pelo viés científico. No começo, minha mãe que mora em Campo Grande, morria de vergonha, falava para eu não publicar a respeito no Facebook. Hoje, no grupo do WhatsApp é só cannabis”, contou.

A pesquisadora conduz diversos estudos sobre terapias à base de cannabis. Ela destacou que atua em jurisdições federais com regulamentações que permitem o plantio. “Eu faço reuniões com multinacionais para tratar de outros assuntos. Nelas, eu pergunto ‘vocês por acaso não interesse em cannabis?’ já esperando o não. E eu já comecei a ouvir sim”, explicou Gabriela.

Ela explicou que o potencial da cannabis acontece porque o organismo humano já tem um mapa de receptores para as substâncias da planta, trazendo enormes possibilidades de efeitos terapêuticos. “Um exemplo de indicação para anorexia ou para falta de apetite oncológicos é porque ela atua com a dopamina, aumentando a palatabilidade dos alimentos”, esclareceu a cientista.

Cristiana contou que faz uso da cannabis medicinal há dez anos. Ela fez dois transplantes e substituiu os corticoides utilizados comumente em transplantados por cannabis. “Consigo manter meus órgãos transplantados com tranquilidade. Uso um óleo com CBD e THC, que é o que todo mundo tem dúvidas. Ele me ajuda com outras coisas”, disse.

Ela hoje é CEO da Hemp Care Pharma, laboratório que desenvolve tratamentos à base de cannabis. “Desenvolvemos uma linha de medicamentos para mulheres que sofrem com menopausa e cólicas. Com os nossos conhecimentos, usamos a cannabis e outras plantas para desenvolver um medicamento com menos efeitos colaterais”, afirmou Cristiana.

O laboratório desenvolveu uma linha para crianças com autismo. “Eles conseguem ter uma vida normal, frequentar a escola. Temos pacientes que eram autistas agressivos, que se automutilavam e hoje não fazem mais isso. Eles conseguem conviver com as pessoas normalmente”, explicou Cristiana.

A Dra. Ana explicou que começou a indicar a substância quando houve a liberação de uso para pacientes com Síndrome de Touret, já que antes a indicação era apenas para pessoas com Epilepsia Refratária e Esclerose Múltipla. De acordo com ela, muitas pessoas rejeitam o tratamento com cannabis alegando que há poucos estudos e evidências científicas. “Temos poucos estudos clínicos por uma série de razões. Mas a eficácia para uma série de doenças e a segurança já foram amplamente estudados e comprovados”, esclareceu a psiquiatra.

Ela trouxe exemplos de pacientes que tiveram melhora significativa na qualidade de vida, sobretudo em doenças neurodegenerativas. Uma paciente que vive em uma clínica e havia parado de andar, falar e engolir voltou a ter essas funções. “Indiquei pelas características da doença, que apresenta um mecanismo muito semelhante ao do Alzheimer, que já temos amplos estudos sobre os benefícios da cannabis. No caso dela, não havia estudos, mas indiquei e deu certo”, contou a médica.

A Dra. Ana explicou que existem muitas evidências significativas dos efeitos terapêuticos da cannabis. O que não há é a meta-análise, que é a junção e comparação dos resultados de diferentes estudos, unindo estas informações.

Ela também explicou que apenas o canabidiol isolado não é tão eficaz nos tratamentos. “É preciso colocar um pouco de THC para que se consiga o efeito desejado. Até é possível conseguir com o canabidiol sozinho, mas são necessárias doses muito maiores, com mais efeitos colaterais e o tratamento fica muito mais caro. Por isso que temos que lutar pela liberação do plantio e não pela substância isolada”, explicou a Dra. Ana.

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