Carmignac avalia o cenário atual dos mercados emergentes

São Paulo 6/9/2019 –

Esta situação representa um ponto crucial para muitas economias emergentes com uma situação financeira ainda dependente de fluxos de capital internacionais.

Este turbilhão de eventos levou os mercados ao modo montanha-russa, garantindo uma volatilidade elevada em praticamente todas as principais economias emergentes. Entretanto, os países da América Latina também viveram um período rico em acontecimentos, essencialmente, por conta dos eventos políticos.

Em 2019, os mercados emergentes registaram um início relativamente positivo, graças à inversão da política monetária impulsionada pelo presidente do Banco Central dos Estados Unidos (FED), Jerome Powell, que não implementou uma série de aumentos planejados das taxas de juros, dando a entender aos investidores que a oferta de liquidez global se manteria estável. Esta situação representa um ponto crucial para muitas economias emergentes com uma situação financeira ainda dependente de fluxos de capital internacionais.

No entanto, os meses de julho e agosto foram muito menos sossegados: desde a utilização da “diplomacia do Twitter” por Donald Trump, com ameaças de retaliação ao Presidente chinês Xi Jinping caso as negociações comerciais não produzam resultados, até o cessar-fogo alcançado recentemente pelos dois Chefes de Estado. Este turbilhão de eventos levou os mercados ao modo montanha-russa, garantindo uma volatilidade elevada em praticamente todas as principais economias emergentes. Entretanto, os países da América Latina também viveram um período rico em acontecimentos, essencialmente, por conta dos eventos políticos.

Por um lado, a Argentina caiu com a derrota inesperada do atual presidente Mauricio Macri nas eleições primárias de 11 de agosto. O principal candidato da oposição Alberto Fernandez, que concorre com a ex-presidente Cristina Kirchner, obteve 48% dos votos, questionando a possibilidade de reeleição de Macri em outubro. Esse fracasso levou outros mercados a temerem o regresso de um governo populista de esquerda e propenso a utilizar políticas econômicas menos ortodoxas, substanciadas pelos grandes desequilíbrios que algumas das medidas intervencionistas de Kirschner já tinham criado durante o seu mandato controverso. Os ativos da Argentina registaram uma queda acentuada face a estas notícias, tendo a divisa caído mais de 30% – o que suscitou dúvidas relativas à recuperação do país e a uma potencial reestruturação de incumprimento da dívida, apenas três anos após ter sido alcançado o acordo com os fundos “abutres” e os credores internacionais.

Por outro lado, os desenvolvimentos políticos positivos do Brasil contrastam claramente com os problemas do seu país vizinho. A administração Bolsonaro conseguiu que a Câmara e o Congresso aprovassem a reforma da previdência, uma medida crucial para colocar as finanças públicas do País em uma trajetória sustentável. De fato, o déficit orçamental de 7% do PIB, a dívida pública de 79% do PIB e uma década de crescimento econômico quase nulo estiveram à beira de apagar o Brasil do mapa dos investidores estrangeiros. No entanto, esta evolução positiva aumentou a confiança dos mercados na capacidade da administração Bolsonaro de aprovar reformas cruciais, demonstrando também que, após vários anos de instabilidade política e econômica, existe alguma luz ao fundo do túnel.

Por Joseph Mouawad, Gestor de fundos de dívida emergente da Carmignac

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