Da abundância para uma radicalização das mudanças digitais

14/7/2020 –

Ainda assim, apesar do cenário pessimista para este ano na economia, é a primeira vez que o Brasil entra em uma crise com taxas de juros baixas e inflação controlada

Pensar o futuro é uma necessidade para qualquer empreendedor. É a partir desse olhar para o dever e das análises que proporciona que se torna possível planejar os próximos passos e estratégias do negócio. A crise resultante da pandemia causada pelo novo coronavírus, no entanto, nos colocou face a face com a imprevisibilidade, tornando mais difícil pintar um quadro do futuro. Ainda assim, apesar do cenário pessimista para este ano na economia, é a primeira vez que o Brasil entra em uma crise com taxas de juros baixas e inflação controlada – um contexto capaz de estimular a atividade econômica.

As consequências pessimistas não serão resolvidas em curto prazo, mas se deve ver uma melhoria em 2021 motivada pelo consumo reprimido e pelo fato de o coronavírus ter sido um choque externo, e não estrutural.

Ao mesmo tempo, o isolamento social resultante da pandemia trouxe aprendizados importantes e mudanças estruturais nos hábitos sociais, de consumo e no trabalho. O home office deve se tornar cada vez mais relevante, mantendo a flexibilização da presença física dos colaboradores nos escritórios. O mesmo deverá acontecer com a necessidade de mobilizar profissionais para reuniões presenciais, na mesma cidade ou em outras partes do país e do mundo. A conectividade se mostrou completamente capaz de suprir necessidades de encontros corporativos, poupando esforços de tempo, dinheiro e locomoção.

A conectividade também aumentou a presença no varejo e nos negócios em geral: usuários que antes não tinham familiaridade com compras pela internet foram forçados a agilizar a transição para o consumo digital. Consequentemente, depararam-se com as facilidades de consumo nesse ambiente. Constataram que no mundo digital é muito mais fácil comparar preços, encontrar ofertas, visualizar tempo de entrega e possibilidades de parcelamento, entre outras facilidades.

O usuário, desta maneira, se torna mais confiante e exigente, extrapolando essa expectativa para o consumo em geral. Dadas as limitações inerentes ao varejo off-line, a tendência é se observar os consumidores cada vez mais fidelizados ao on-line, onde também é possível descobrir novas marcas e economizar tempo ao realizar compras.

Além do comércio físico em geral, as companhias aéreas serão fortemente impactadas pelas mudanças. Provavelmente, em consequência do cenário mencionado, precisarão repensar a demanda, porque o grande volume e a recorrência de viagens corporativas podem ter uma queda muito significativa.

Portanto, se vive um hiato entre dois mundos, que ainda coexistem, mas que deverá caminhar para uma radicalização das mudanças digitais e hábitos mais conscientes de consumo em oposição à abundância que caracterizava a vida pré-pandemia.

*Felipe Macedo é sócio-fundador da CoreBiz, agência de marketing digital especializada em e-commerce

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