A China está mais inteligente – mas a custo de quê?

27/1/2020 –

Trinta anos atrás, Shenzhen era uma vila de pescadores, cercada por arrozais. Então veio um plano para construir a primeira zona econômica especial da China para permitir investimentos estrangeiros e, fora da paisagem rural tranquila, cresceram negócios e fábricas privadas que, com o tempo, se transformaram em uma cidade. Agora Shenzhen, com uma população de 12 milhões de habitantes, é apenas uma parte de uma enorme área urbanizada que desce o Delta do Rio das Pérolas.

As ambições das cidades inteligentes da China estão entre as maiores do mundo. Mas há dúvidas sobre se suas tecnologias de vigilância melhorarão a qualidade de vida dos habitantes ou apenas serão usadas para mantê-los mais atentos. Fato é que a China tem se destacado como uma potência mundial em tecnologia, tendo como uma de suas marcas mais famosas o popular Xiaomi.

Uma cidade futurística

Em 2050, cerca de 292 milhões de chineses viverão nas cidades. Hoje, mais de 58% da população são moradores urbanos, em comparação com apenas 18% em 1980. Segundo as autoridades, existem 662 cidades chinesas, incluindo mais de 160 com um milhão de pessoas ou mais. Recentemente, na Smart Cities Expo, em Barcelona, Shenzhen teve uma das maiores exposições. Jiang Wei Dong, gerente geral da delegação local, disse à BBC que tecnologias estão alimentando a cidade. E o foco está na poluição.

A cidade é a primeira na China a garantir que todos os ônibus e táxis em suas estradas sejam elétricos, explicou. Além do transporte mais inteligente, existe um novo sistema de saúde inteligente, que garante que quando alguém chega à cidade de uma província distante, seus registros de saúde são imediatamente acessíveis. A inteligência tecnológica também permite acesso à rede global com muito mais eficiência, permitindo que a população chinesa tenha acesso a bancos, mídia social e cassino pela internet. 

Quando perguntado sobre sistemas de segurança, a resposta de Jiang Dong foi menos entusiasmada. “Estamos familiarizados apenas com o tráfego. Para os cidadãos de Shenzhen, não há monitoramento”, disse ele. Mas, em um evento separado na própria cidade, o público está sendo desafiado a considerar a velocidade com que a tecnologia de vigilância está sendo implementada.

Coleção de dados

A China está criando novas cidades a um ritmo surpreendente, redefinindo a paisagem urbana com planos de criar 19 aglomerados urbanos gigantescos e a primeira super-cidade do mundo, com mais de 40 milhões de habitantes. O desenvolvimento urbano nessa escala exigirá eficiência. O tráfego terá que ser controlado para evitar congestionamentos que duram uma semana, e o transporte terá que ser sustentável para evitar matar todos com emissões de CO2.

O que são as cidades Inteligentes

Cidades inteligentes, basicamente, se referem a lugares que propiciam a otimização de recursos para atender melhor a população, desde a mobilidade, energia outros serviços fundamentais à vida dos moradores.

Na Europa, as cidades inteligentes criam mecanismos que possibilitam que as pessoas interajam usando a energia, materiais, serviços e financiamento para promover o desenvolvimento econômico e a melhoria da qualidade de vida das pessoas.

Cidades de países mais desenvolvidos têm investido bilhões de dólares em serviços inteligentes para suprir as demandas da população. O uso estratégico da infraestrutura e serviços, da informação e comunicação com base na gestão urbana para conseguir atender às necessidades sociais e econômicas da sociedade é o que faz essas cidades serem considerados inteligentes. Esse conceito já é consolidado no “Velho Continente” e movimenta o mercado de soluções tecnológicas com a estimativa de investimentos de US$ 408 bilhões até 2020.

Mas também será necessário que os próprios cidadãos sejam mais eficientes. Jogar lixo, tocar música muito alto em um trem, atravessar a rua quando as luzes estiverem vermelhas – elas deixarão de ser pequenas indiscrições e se tornarão grandes inconvenientes em cidades tão grandes.

Em 2014, foi apresentada a ideia de um sistema de crédito social. O plano é recompensar os cidadãos pelo bom comportamento e puni-los pelo mau. Em março deste ano, milhões de viajantes desacreditados foram proibidos de comprar passagens de trem ou de avião por vários crimes, como usar passagens vencidas ou fumar em um trem.

Website: https://casino.netbet.com/br/

Web Site: