Varizes e ecodoppler: por que o ultrassom é imprescindível?

São Paulo, SP 31/1/2020 – O exame ultrassonográfico das veias das pernas é um verdadeiro mapa da doença. É fundamental para planejar o tratamento e, após, para avaliar sua eficácia.

As varizes são consideradas, recentemente, como sinal de uma doença mais ampla em sua manifestação: a Doença Venosa Crônica.

A Doença Venosa Crônica pode se apresentar em 6 graus ou classes (C) identificadas simplesmente ao olhar a perna e cada uma delas pode ser acompanhada ou não de sintomas:

C1 – telangiectasias (vasinhos) e veias reticulares (pequenas veias visíveis com calibre menor que 3 mm). Os sintomas podem ser sensação de cansaço ou de peso nas pernas e sensação de coceira.

C2 – varizes, veias dilatadas e tortuosas que fazem saliência na pele (como pequenas bolinhas azuis) cujo calibre ultrapassa 4 mm. Os sintomas descritos podem ser mais acentuados.

C3 – quando, além das telangiectasias e varizes a perna é inchada. Os sintomas começam a se tornar limitantes, isto é, a pessoa precisa interromper suas atividades para obter alívio.

C4 – além de vasinhos, varizes e inchaço (ou edema) surgem manchas geralmente de cor castanha e a pele fica endurecida, perde sua elasticidade, os sintomas se agravam mais.

C5 – além de todas as manifestações acima descritas há cicatriz indicativa de que já houve uma ferida na perna.

C6 – o mais grave, quando há ferida aberta, que demora para cicatrizar e que, na maioria das vezes se localiza na face interna do tornozelo.

Esta classificação indica que há progressão da doença com o passar dos anos. Em geral há um espaço de 16 a 20 anos desde os primeiros sinais até o aparecimento da ferida.

Há estudos brasileiros revelando que aproximadamente 70% das pessoas acima dos 15 anos de idade apresentam algum sinal de Doença Venosa Crônica. As classificadas como C2 até C6 são 35% desta população. Tomando por base os últimos censos, acredita-se que existam aproximadamente 60 milhões de brasileiros com Doença Venosa Crônica nas classes C2 a C6. Os casos mais graves C5 e C6 estão presentes em cerca de 1,6% da população adulta, aproximadamente 2,2 milhões de doentes.

Até o momento não há método eficaz de prevenção de Doença Venosa Crônica. São recomendadas as medidas seguintes:

  1. Dieta saudável. Manter o peso e evitar obesidade.
  2. Exercícios físicos regulares. Caminhadas diárias de 30 minutos, ciclismo, natação, hidroginástica, pilates, etc.
  3. Uso de meia elástica durante o período de trabalho.

O exame ultrassonográfico.

O exame ultrassonográfico das veias das pernas tem diversos nomes com o mesmo significado: ecodoppler venoso colorido, mapeamento dúplex venoso, mapeamento ultrassonográfico colorido. É o exame que permite ao médico identificar as veias dilatadas e incompetentes. O exame permite medir o calibre das veias e verificar o fluxo do sangue. É um verdadeiro mapa da doença. 

Há médicos especializados neste exame e hoje muitos cirurgiões vasculares e angiologistas fazem o exame em seus consultórios.

Este exame feito previamente é muito importante para o planejamento do tratamento e, após o tratamento, para avaliação do resultado.

Tratamento das varizes por meio da escleroterapia com espuma

A escleroterapia teve sua indicação ampliada a partir da última década do século passado com a chegada da espuma. O agente esclerosante usado para produzir espuma no Brasil é o polidocanol. Com este agente é possível produzir espuma perfeita que, ao ser injetada na veia doente não se mistura com sangue. Este artificio aumenta a ação do esclerosante e permite que sejam tratadas veias de grande calibre, as varizes em si. Desta forma, além dos objetivos cosméticos ela também trata a dor, a sensação de cansaço e de peso e as cãibras nas pernas que geralmente acompanham varizes de pequeno, médio ou grande porte. Mais ainda, permite tratar com eficácia as complicações das varizes (o que se chama comumente de “varizes inflamadas”): inchaço das pernas, as manchas castanhas e o endurecimento da pele e, o problema mais grave, as feridas de perna, conhecidas como úlceras varicosas.

No dia da consulta já é possível iniciar o tratamento. É escolhida a veia principal por meio do ultrassom e feita a punção, também guiada pelo ultrassom. A espuma é injetada em quantidade variável e monitorada pelo ultrassom – assim que as veias doentes estão preenchidas interrompe-se a injeção. Às vezes é necessário puncionar mais uma ou duas vezes para atingir todas as veias doentes. Isto acontece geralmente em quem já foi operado de varizes anteriormente.

Resultado esperado.

Desaparecimento dos sintomas (cansaço, peso, inchaço) – no dia seguinte já melhoram muito e desaparecem em 15 dias.

Desaparecimento do edema (inchaço) – ocorre no período de 15 dias habitualmente.

Desaparecimento da pigmentação (manchas castanhas causadas pelas varizes (C4) – demora meses para acontecer; é necessária a recomposição da pele, que é processo demorado.

Cicatrização da ferida (úlcera varicosa) – 80% delas cicatrizam durante o período de 6 meses.

Informações mais completas sobre a escleroterapia ecoguiada com espuma para o tratamento das varizes podem ser obtidas neste guia rápido.

A cirurgia de varizes é ainda muito indicada no Brasil. Tem os inconvenientes da hospitalização, anestesia e repouso após. É indicada para os casos C2 a C6.

Porque, então, o ecodoppler é fundamental?

1. Permite fazer o mapa das veias doentes a serem tratadas.

2. Durante o tratamento possibilita a punção segura da veia a ser tratada. Permite  acompanhar todo o trajeto da espuma dentro da veia, assegurando que todas as veias doentes foram abordadas. 

3. Nos pós-tratamento permite avaliar o resultado, verificando se há necessidade de nova punção ou não para sua efetividade.

 

 

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